domingo, 4 de maio de 2008

A Borboleta Invisível (Capítulo 8)

O garoto ficou pensando no que o avô disse. No dia seguinte, quando retornou à floresta, já foi sabendo que era preciso praticar a paciência, e que seu tesouro não seria encontrado rapidamente.
Cheio de coragem e confiante de que conquistaria a Borboleta Invisível, o moleque saiu naquele dia de casa assim que o sol raiou munido, do firme propósito de fazer dela sua amiga. Como a mãe sempre disse que a melhor maneira de se chegar ao coração de um homem era cativando seu estômago, o menino resolveu levar uma porção extra de broa. É bem verdade que a Borboleta Invisível não era homem, mas se funcionava para um, porque não funcionaria para outro, né? "Não é tudo filho de Deus?!", atinava o garoto esperto.
E o guri passou o dia inteiro na floresta estudando seus barulhos. Viu um montão de pássaros, joaninhas, formigas, besouros, bichinho bem pititico, outros nem tanto. Naquele silêncio todo, o menino conseguiu escutar as vozes das águas que passavam por entre as pedras do rio. Um monte de passarinho comeu os farelos da broa que ele levou para conquistar a Borboleta Invisível.
Ela não apareceu, pelo menos não que ele conseguisse ver, mas sua manhã não foi perdida porque, se não conseguiu conquistar a amizade da Borboleta Invisível, pelo menos ele semeou confiança nos vários passarinhos e formigas que vieram comer da iguaria de sua mãe.
O guri não foi embora triste, quando retornou para casa no final da tarde. Ele tinha a certeza de que se conseguiu iniciar uma amizade com os amiguinhos da floresta, também conquistaria a da Borboleta Invisível.

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