segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A palavra

A palavra é a minha ferramenta. Assim como pode ser minha libertação, transforma-se, em questão de segundo, em prisão. Depende de mim, depende de minhas emoções encontrar a palavra certa para descrever os sentimentos. Encontrar as vogais, juntá-las às consoantes, formar frases, diálogos... descobrir no hiato a união da emoção no verbo presente.

Penso; às vezes, não sei se existo. Mas aí engulo o ar, e vejo que respiro. Faço parte do Planeta Terra. Doce consolo...

Viver não é fácil. Às vezes me calo, outras vezes preciso de todos, me exponho... me faço presente nas vidas. Dói me expor, dilacera me fazer presente, às vezes.

Guardar o sentimento é mais fácil, mas a emoção acumulada se transforma em bomba que explode no peito depois de um tempo. Aí é emoção por toda parte, indo para o céu azul como confete em carnaval. Pedacinhos coloridos, ora rosa, ora verde, preto, cinza, vermelho... desmistificando a existência. A vida real, não a imaginária.

Me encontro na palavra, às vezes me perco... mas aí engulo o ar, e vejo que respiro. Que ainda vivo. A esperança pode ainda brotar no coração.

A força da palavra é que me move. Às vezes ela pesa, outras vezes é tão leve como uma bruma que o vento leva. Levanto, sigo em frente carregando-a, ora nas costas, ora no peito, no coração. Ela, a palavra, se move em minh’alma. Passeia por meu corpo, massageia meu espírito, conhece a geografia das minhas emoções. Conectada me insere, me liga à realidade e à fantasia. Dois mundos reais no meu ser.

Penso, acho que existo. Aí engulo o ar, e respiro a palavra.