quarta-feira, 30 de abril de 2008

A Borboleta Invisível (Capítulo 6)

No dia seguinte, o guri levantou novamente cedo, mais cedo ainda, junto com o galo, e novamente passou na cozinha, pegou um pedaço de pão recém-feito, e saiu em disparada na direção da mata. Não chegou sequer a tomar o seu café com leite, pois queria chegar cedo na floresta. Vai que a Borboleta Invisível madrugasse também! Se ele chegasse tarde, ela poderia já ter ido para outros lados, sabe-se lá!
Chegando à mata, o menino ficou pesquisando cada pedacinho do terreno coberto de árvores, folhas caídas e flores silvestres. Encontrou os mais diferentes pássaros, com plumagens ricas e variadas. Borboleta, então?! Nem se fala! Cada uma mais linda e delicada que a outra, mas nada, nada mesmo, da Borboleta Invisível. O ser que lhe traria um tesouro de valor inestimável, conforme o avô lhe havia contado. Sentou-se na raiz de uma árvore e ficou pensando como seria encontrar um baú contendo um tesouro. Cheio de pedras coloridas, pérolas como as que sua mãe usava e que foram compradas na quitanda do "seu Juca", só que essas teriam valor! O garoto não era ambicioso… Quer dizer, só um pouquinho. A descoberta do baú com o tesouro (porque todo tesouro que se preza tem que vir dentro de um baú), sim, lhe abriria as portas para conhecer outras terras, viajar. A mãe sempre dizia que não podia ir para a capital que não tinha dinheiro, que o pai precisava juntar para comprar semente boa para a próxima estação. Os anos se passavam, e o menino, que sempre acalentou o desejo de ir para a capital ver o mar, não conseguia realizar seu sonho. "Afinal, já estou ficando velho", pensava, "Daqui a pouco, faço dez anos e não vivi a vida", argumentava consigo mesmo!
Por isso lhe era tão importante encontrar a Borboleta Invisível e ser bafejado pela sorte. O tesouro de valor inestimável lhe abriria as portas para ver o mar e viajar nele por horas e horas. Seu nono lhe disse que o oceano era grande, mas tão grande, que se poderia navegar nele por meses antes de encontrar outro país, sim, senhor!

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