quarta-feira, 21 de maio de 2008

A Borboleta Invisível (Capítulo 15)

Ao raiar de um novo dia (aproveitando que estava de férias do colégio), o guri, cheio de entusiasmo, correu outra vez para a floresta, carregando três livros: um era o mesmo que havia lido no dia anterior; o outro tinha a história de um pirata; e, por último, colocou na algibeira uma obra que falava sobre as florestas. Como ele não sabia qual era o gosto da Borboleta Invisível, resolveu dar várias opções para que ela escolhesse o tipo de leitura que queria ouvir.
Chegando à floresta, sentou-se no mesmo lugar e começou a ler em voz alta, sempre atento, procurando ver de rabo de olho se a Borboleta Invisível apareceria novamente. O ser angelical não se fez de rogado e, mais uma vez, pousou na ponta do seu nariz. Novamente, o garoto ficou vesgo e também surpreso com o aparecimento. Mas uma alegria imensa surgiu em seu coração quando se deu conta de que ela estava ali na sua frente, em carne e osso (quer dizer, o guri sabia que borboleta não tinha osso, era apenas um modo de dizer...).
Mais uma vez ele se admirava ao ver o ser angelical que durante tanto tempo em seus sonhos bailou. Do mesmo jeito que no dia anterior, a Borboleta, depois de ficar no nariz do moleque, foi para sua mão. Lentamente, para não espantar o bichinho, o guri abriu a palma, e, obediente, a Borboleta Invisível ficou ali pousada por minutos que pareceram uma eternidade. O menino não cansava de admirar tanta beleza, tanta formosura, tanta delicadeza. Ele nunca imaginou, em toda sua longa existência de guri, que pudesse existir uma borboleta tão bela, um ser tão irremediavelmente encantador. E aquele ser estava pousado na palma de sua mão, ao alcance de sua respiração. O garoto, temendo que ela fugisse, prendeu a respiração o mais que pôde, até começar a ficar vermelho. Quando não agüentou mais, começou a soltar devagarzinho o ar dos pulmões, morrendo de medo que a Borboleta fugisse. Mas ela não foi embora, ficou ali numa camaradagem que dava gosto de ver. Ela e o garoto como se fossem velhos amigos, de longas datas. Depois de um tempo, ela abriu as asas e voou floresta afora. Só que, daquela vez, o menino não ficou temeroso de que nunca mais a visse. Nasceu no seu peito de moleque a certeza de que havia sido plantada ali uma bela amizade, e que esta duraria enquanto os dois vivessem. Ele sabia no seu íntimo que aquela Borboleta Invisível voltaria sempre para lhe fazer companhia. O garoto não ficaria mais sozinho na floresta. Teria sempre o amparo daquele ser angelical.

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