domingo, 18 de maio de 2008

A Borboleta Invisível (Capítulo 14)

Assim que teve consciência de que a Borboleta tinha realmente ido embora, o guri saiu numa disparada só, correndo pela floresta e depois pela estrada até chegar a casa com o coração saindo pela boca. Ele queria encontrar o avô e contar as novidades todinhas, todinhas, sem esquecer nenhum pequeno detalhe do encontro com a Borboleta Invisível. Assim que avistou a figura do ancião, que estava dando de comer ao canário, o garoto correu em sua direção. Como sempre acontecia depois de toda disparada, o menino não conseguia articular uma só palavra. Só saíam sons esquisitos de sua garganta. O nono, já sabendo que demoraria alguns minutos até a respiração do neto voltar ao normal, calmamente limpou a gaiola do passarinho, e, como sempre, deixou a portinha aberta para que o canário tivesse a liberdade de ir e voltar para casa no momento que quisesse. O canário de seu avô adorava a residência, mas também amava poder voar em liberdade e comer no pé das árvores as frutas maduras do pomar. Como era feliz, nunca deixou de voltar para a gaiola que era sua casa.
Quando o menino conseguiu falar, contou os mínimos detalhes do encontro com o ser angelical. O avô ouvia atentamente, e seus olhos brilhavam cheios de entusiasmo, com o mesmo sentimento que se via nos olhos do neto. Realmente, encontrar a Borboleta Invisível e conseguir enxergá-la era um privilégio para poucos. Contudo, no final do relato, o menino explicou que a Borboleta apareceu, mas não lhe deu nenhum tesouro de valor inestimável.
O sábio ancião pediu que o jovem tivesse paciência e fosse persistente. Ele lembrou ao neto que todas as lendas têm um fundo de verdade e que uma história tão antiga como a da Borboleta Invisível não teria passado de geração em geração à toa. "É preciso também saber se você está pronto para receber tal riqueza", argumentou o pai da mãe do garoto.
O menino foi dormir com aquilo na cabeça. Ficou pensando que talvez não merecesse mesmo o tesouro. "Mas se é assim", ele atinava, "a Borboleta não teria aparecido depois de tanto tempo!"
E, desse modo, cheio de esperança, entregou-se aos braços de Morfeu.

2 comentários:

Tiago Lima disse...

Nossa, Carla. Seu blog está cada dia mais interessante. Não sei nem q texto começo a ler heheh. Acho q vou imprimi-los pra poder ler com mais tranquilidade. Parabéns.

Carleto Gaspar 1797 disse...

Carla

vou colocar o link do seu blog no www.imperiocarletista.blogspot.com


ok pra vc??

apareça lá

vou ler agora com calma

abraços

Carlos Andreas