terça-feira, 22 de abril de 2008

A Borboleta Invisível (Capítulo 3)

Certa vez, num dia radioso de primavera, quando a Mãe Natureza mostrava todo o seu esplendor e glória desde os primeiros minutos do amanhecer, o menino saiu cedinho da cama, o galo mal havia cantado. Pegou um pedaço de broa que estava em cima da mesa da cozinha e se esgueirou de fininho pela porta dos fundos, em direção à floresta. Se a mãe ou o pai lhe visse, a aventura estaria perdida. Logo, logo, lhe incumbiriam de alguma tarefa: debulhar milho, varrer o quintal, ou mesmo tomar conta do gato da vizinha, que vivia querendo fazer do canário do seu avô a refeição principal do dia.
Então o menino, depois de ter tomado uma distância considerável da porta da cozinha, e já confiante de que não poderia mais ser visto pelos pais, saiu em disparada, como se fosse um corisco, em direção à floresta que, na sua visão de moleque, era um local mágico e cheio de mistérios. Volta e meia, ele se refugiava ali, quando, é claro, conseguia se desvencilhar dos olhares materno e paterno. Nem sempre era fácil; porém, possível.
O garoto, ao chegar na mata, foi logo envolvido por diferentes sons, que nunca o deixavam de encantar. As folhas das árvores ainda carregavam o orvalho da madrugada ainda não completamente evaporado. Molhadas, brilhantes, resplandeciam parecendo esmeraldas ao sol.
De repente, um balé de borboletas passou em sua frente. Extasiado, olhava-as dançando como se namorassem. O menino ria vendo tanta beleza. As cores das borboletas pareciam terem sido tiradas do arco-íris. Uma variedade caleidoscópica que fazia o garoto arregalar os olhos e buscar identificar cada uma. Mas o dançar era rápido demais e, muitas vezes, ele não sabia onde começava uma cor e terminava outra. A visão durou poucos segundos, tempo suficiente para que o menino se apaixonasse pelas borboletas e resolvesse daquele momento em diante, vir sempre à mata admirá-las. Nascido e criado naquelas bandas, sempre vinha à floresta, mas era a primeira vez que conseguia presenciar o dançar das borboletas.

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