domingo, 11 de maio de 2008

A Borboleta Invisível (Capítulo 12)

O convívio diário do menino com a floresta teve seus resultados. Durante todo o tempo, a Borboleta Invisível ficou por ali rondando, escutando sua voz, as histórias que contava sobre piratas de uma terra distante e foi aos poucos tomando confiança no moleque. Ela, que sempre foi desconfiada, começou a acreditar que o guri não era perigoso, e, quando viu, já ansiava por sua presença na mata, que era sua casa. O ser angelical queria muito que as pessoas a enxergassem, ansiava verdadeiramente por isso, mas, no fundo do seu coração de renda, ela temia ser machucada. Temia que os seres humanos a prendessem e a colocassem dentro de um vidro, dependurada num quadro na parede. Volta e meia surgia alguém que aprisionava assim uma porção de primas suas e as levava para outro mundo, sabe lá Deus para onde.
A Borboleta Invisível tinha medo, mas esse sentimento se misturava com o desejo de ser vista e amada. É bem verdade que ela não tinha certeza nenhuma de que, ao ser vista, seria automaticamente amada. Não havia garantia, como nada na vida. Mas a Borboleta Invisível tinha o desejo de tentar, de se arriscar, de dar o primeiro passo na direção dos seres humanos. E, numa linda manhã de verão, quando as flores e árvores com seus frutos mostravam todo seu esplendor, a Borboleta Invisível tomou a firme resolução de se mostrar para o menino. É bem verdade que ela não sabia se ele conseguiria enxergá-la. Afinal, ele não era o primeiro com quem ela tentava se comunicar, mas poucos, bem poucos conseguiram enxergá-la, mesmo quando ela aceitava ser vista. Não são todos que têm a capacidade de enxergar o que é realmente belo. Muita gente não consegue ver coisas que estão debaixo do nariz. Mas se a Borboleta não tentasse, como conseguiria saber o resultado, né?

Nenhum comentário: